Mas comecemos pelo princípio.
Não era segredo para ninguém o percurso que estava previsto onde era publicitado um acumulado de 2700 m!
Ainda assim, alguns teimosos do Teamolenga insistiram em inscrever-se, eu o Pedro e o Sérgio (ainda que a minha inscrição não tenha sido logo de início por outras razões, mas deixemos esses pormenores).
Durante os últimos dias antes da prova, várias vezes comentámos entre nós como iria ser, 100 km com 2700 m de acumulado, mas estávamos já quase convencidos de que era possível... (agora, à posteriori é mais fácil afirmar isto...)
Quase na véspera tivemos uma baixa de peso (em vários sentidos) - o Sérgio estava nos Açores e precisava de continuar o trabalho na 2ª feira, pelo que não vinha dos Açores de propósito para a maratona para regressar de seguida - logo não ia participar!
Eu e o Pedro, resignados a participar sozinhos (no meio dos outros 3198...), combinámos o encontro em Portalegre para as 8h do dia 2, para tentar evitar as aglomerações dos primeiros trilhos. Foi também um amigo do Pedro, o Hélio, preparado para fazer os 50 km.
Apesar dos nossos receios quanto à capacidade física, acertámos num ritmo fácil, mas que nos permitiu chegar ao primeiro reabastecimento, cerca dos 33 km, com média de cerca de 20 km/h!
O percurso continuava serpenteando pelas serranias circundantes de Portalegre, e mantivémos um ritmo que nos pareceu fácil e que permitiu atingir os 54 km do segundo reabastecimento com média de 17 km/h. Apesar disso comentávamos com algum espanto, isto está a parecer muito simples! Alguém comentava no percurso "com 50 km só temos 700 m de desnível, o que não estará aí para vir!".
As famosas antenas, objectivo intermédio para atingir aos 85 km!
No alto da serra esperava-nos mais um reabastecimento com umas laranjas óptimas! Mais água, claro e ainda um copinho de “isostinto” (por acaso era mesmo tinto este Isostar), para dar alento para o último troço da prova.
A prova de que estivémos mesmo lá no alto!
No essencial, seriam 15 km, quase sempre a descer, mas com umas subidazinhas só para aconchegar as pernas!Quer fosse pelo aproximar da meta, pela fome ou por outra razão qualquer que não percebi, o Pedro “tomou o freio nos dentes” e disparou por ali abaixo de tal maneira que mais me parecia o Carlos Costa! Não tive outro remédio senão vir atrás dele e assim acabámos por fazer estes últimos 15 km a uma média superior a 20 km/h. Embora fosse em grande parte a descer, não eram descidas fáceis, pois tinham muitos regos, pedras soltas, buracos e curvas apertadas, enfim, UM ESPECTÁCULO!
Já dentro da cidade, na aproximação à meta, acho que o Pedro queria fazer mais uma voltinha, pois tive que lhe gritar para virar à esquerda em direcção à meta, senão ele ainda ia entrar outra vez no percurso…
Dada a fila considerável para as massagens fizemos apenas uns alongamentos e rumámos à zona da partida, para um merecido banho e um almoço algo tardio.Face às queixas do Pedro por ainda ter que pedalar mais para chegar ao almoço, fiz-lhe ver que no fundo ele só pagou para pedalar 100 km, pelo que estes mais 3 km ou 4 km eram mesmo um brinde da organização!
O Hélio já estava à nossa espera, com o banho tomado e a morrer de fome; ele fez cerca de 4h30m nos 50 km, pelo que já estava “em pulgas”.
Banho com água morna a dar para o fresco, em balneários limpos e decentes, tudo muito bom.
Seguiu-se o almoço da ordem, com a tradicional sopa de cação (que estava mesmo deliciosa) e o lombo assado com massa, para a recuperação. Pudim e café, e estava feito o dia!
É verdade, a altimetria do meu relógio deu qualquer coisa como 2222 m, mas há quem diga que ele não é de fiar…
Quebrei o enguiço com esta maratona.
ResponderEliminarEm 2007, um mês antes da maratona, fiz uma rotura do gémeo. Em 2008, dei uma queda ao km 30, e acabei por desistir ao km 50 com dores numa costela, e que me provocava dificuldades a respirar. Em 2009 tinha que ser o ano da desforra.
O dia começou com um sol maravilhoso, e às 8 da manhã, já se andava perfeitamente bem de Jersey, com uma temperatura boa. Como o Jorge já explicou, correu tudo muito bem, com paragens apenas nos abastecimentos para não quebrar o ritmo. O percurso foi fantástico, com o auge no alto das antenas, mas para merecer aquelas vistas, deu trabalhinho.
Depois das antenas, tive uma motivação extra, talvez por pensar que o mais difícil já estava ultrapassado, e como me sentia bem fisicamente, agora é "toca a ripar”, principalmente na última descida de terra para Portalegre, talvez devido ao adormecimento de algum neurónio, tenha feito a descida do modo como a fiz (à Carlos Costa). Quando cheguei ao fim dessa descida dei por falta do Jorge, e pensei “que estranho não vem”, ao que ele mais tarde me diz: pá, ganda maluco, vinhas a descer cá duma maneira”. Realmente pensando bem, alguém que viesse com velocidade naquela descida (técnica), e tivesse o azar de cair, não ficava nada bem tratado.
A sensação de chegar à meta com o speaker a anunciar a nossa chegada “e agora a chegar o dorsal 8603 e o dorsal 8393, os dois da mesma equipa, qual deles vai chegar 1º”, a juntar à emoção de finalmente ter feito a Maratona à 3ª tentativa, foi fantástico.
A organização merece os parabéns, e se puder, estou lá em 2010.
Sim sr.,estes gajos são mesmo prós.Em Idanha tou mesmo a ver que querem bater o recorde.Eu se conseguir fazer os 100km´s completos já fico muito contente.Eu também queria ir a Portalegre, mas quando me lembrei já era tarde,pró ano a ver se consigo inscrever-me a tempo.Parabéns "Molengas".
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